No âmbito do desenvolvimento da EMAAC é importante compreender melhor quais as principais vulnerabilidades climáticas, atuais e futuras, do município de Loulé.
As projeções climáticas utilizadas no desenvolvimento da EMAAC de Loulé foram elaboradas pela equipa técnica do consórcio ClimAdaPT.Local, tendo como base dois modelos regionalizados para a Europa (pelo projeto CORDEX) e dois cenários de emissões de GEE:
Uma trajetória de aumento da concentração de CO2 atmosférico até 520 ppm em 2070, aumentando de forma mais lenta até ao final do século.
Uma trajetória de crescimento semelhante ao RCP4.5 até meio do século, seguida de um aumento rápido e acentuado, atingindo uma concentração de CO2 de 950ppm no final do século.
As principais alterações climáticas projetadas até ao final do século para o município de Loulé são:
Média anual
Diminuição da precipitação média anual, sendo mais acentuada no final do séc. XXI, e podendo variar entre 6% e 44% nesse período.
Precipitação sazonal
Projeta-se uma diminuição nos meses de inverno (entre 1% e 30%), bem como no resto do ano, podendo variar entre 13% e 61% na primavera e entre 7% e 53% no outono.
Secas mais frequentes e intensas
Diminuição do número de dias com precipitação, entre 10 e 28 dias por ano. Aumento da frequência e intensidade das secas no sul da Europa [IPCC, 2013].
Média anual e sazonal
Subida da temperatura média anual, entre 1ºC e 4ºC. Aumento acentuado das temperaturas máximas no verão (entre 1ºC e 4ºC), primavera (entre 1ºC e 5ºC) e outono (entre 2ºC e 5ºC).
Dias muito quentes
Aumento do número de dias com temperaturas muito altas (≥ 35ºC), e de noites tropicais, com temperaturas mínimas ≥ 20ºC.
Ondas de calor
Ondas de calor mais frequentes e intensas.
Média
Aumento do nível médio do mar entre 0.17m e 0.38m para 2050, e entre 0.26m e 0.82m até ao final do séc. XXI (projeções globais) [IPCC, 2013]. Outros autores indicam um aumento que poderá chegar a 1.10m em 2100 (projeções globais) [Jevrejeva et al., 2012].
Eventos extremos
Subida do nível médio do mar com impactos mais graves, quando conjugada com a sobrelevação do nível do mar associada a tempestades (storm surge) (projeções globais) [IPCC, 2013].
Fenómenos extremos
Aumento dos fenómenos extremos, em particular de precipitação intensa ou muito intensa [Soares et al., 2015]. Tempestades de inverno mais intensas, acompanhadas de chuva e vento forte (projeções globais) [IPCC, 2013].
Tendo como base as atuais vulnerabilidades climáticas do município, os impactos já ocorridos e as projeções climáticas até final do século para o município de Loulé, foi realizada uma análise evolutiva de risco. Assim, os eventos climáticos sobre os quais se projetam riscos de maior magnitude no futuro são:
As alterações climáticas são uma das maiores ameaças que o planeta enfrenta, resultado da intensificação das emissões antropogénicas de gases com efeito de estufa (GEE).
Resultante da COP 21 – Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e assinado a 12 de dezembro de 2015, o Acordo de Paris entrou em vigor no dia 4 de novembro de 2016, constituindo o primeiro pacto universal contra as alterações climáticas e um marco histórico para as questões da salvaguarda climática.
O Acordo de Paris tem como objetivo manter o aumento da temperatura média mundial "muito abaixo de 2°C até 2100", mas "reúne esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5°C", em relação dos níveis pré-industriais.
Para alcançar os objetivos traçados e conter o aquecimento global abaixo dos 1,5°C em relação à era pré industrial, existe ainda um longo e exigente caminho a percorrer: descarbonizar a economia a nível mundial, apostar na transição energética das cidades para fontes de energias mais limpas e eficientes e promover uma mobilidade mais sustentável, nomeadamente no âmbito do transporte coletivo, são apenas alguns dos setores em que é necessária uma mudança de paradigma.
O caminho passa ainda pela definição e implementação de estratégias e medidas de adaptação às alterações climáticas a nível local, principalmente nas cidades, e a análise de soluções conjuntas.
Para ler a íntegra o Acordo de Paris, clique aqui.